Venezuelanos aderem ao PIX, e cidade brasileira na fronteira tem 5 vezes mais usuários da ferramenta que habitantes

  • 29/06/2025
(Foto: Reprodução)
Pacaraima, no Norte de Roraima, é a principal porta de entrada de venezuelanos no Brasil e, depois que eles 'descobriram' o Pix, fizeram da cidade uma das campeãs em adesão a esse meio de pagamento. Cidade tem mais usuários de Pix que habitantes Pacaraima, cidade com pouco mais de 19 mil habitantes no extremo Norte de Roraima, fronteira com a Venezuela, tem 5 vezes mais usuários mensais de Pix do que moradores. São 106 mil pessoas usando a ferramenta, em média, a cada mês, segundo estudo lançado neste ano pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com base em dados de 2024. Pacaraima atingiu uma taxa de adesão ao PIX de 550%, segundo o levantamento “Geografia do PIX”, da FGV, que mapeou em todo o país o uso desse meio de pagamento criado pelo Banco Central (entenda abaixo). O estudo calcula os usuários com base na área geográfica. 🔎Há cerca de 10 anos, a cidade recebe milhares de venezuelanos cruzam a fronteira fugindo da crise econômica e da instabilidade no país vizinho. O IBGE divulgou nesta sexta-feira (27) que 7.010 estrangeiros moram em Pacaraima, mas não especificou quantos são venezuelanos. Além desses moradores, a cidade recebe muitos visitantes do país vizinho que vêm e voltam, para fazer compras, por exemplo, e ainda tem um fluxo intenso de venezuelanos que migram diariamente. ➡️Para se ter ideia da corrente migratória na região, entre janeiro e setembro de 2024, 83.819 venezuelanos entraram no Brasil por Pacaraima, enquanto 8.335 saíram, segundo a Polícia Federal. Isso representa, em média, 329 entradas por dia. O g1 foi ao município e constatou, nas ruas, a explicação do responsável pelo estudo, Lauro Gonzalez, para o sucesso do PIX na cidade: os números são reflexo do movimento intenso de venezuelanos que cruzam para o Brasil, seja para morar ou apenas fazer compras, e usam o PIX com frequência. E há quem use esse sistema de pagamento mesmo do outro lado da fronteira. O comerciante venezuelano David Garcia, de 32 anos, por exemplo, mora em Santa Elena do Uairén, mas vai frequentemente a Pacaraima comprar e vender produtos. Ele tem CPF, conta bancária no Brasil e diz que o PIX virou o principal meio de pagamento no dia a dia. “É mais rápido, mais seguro. A gente não precisa carregar tanto dinheiro. Em Santa Elena, também estão se acostumando a usar PIX mais do que dinheiro vivo”, conta. O comerciante venezuelano David Garcia usa PIX até no país de origem, e o cabeleireiro John Peter, também venezuelano e morador de Pacaraima, recebe pagamentos dos conterrâneos por esse meio de pagamento Caíque Rodrigues/g1 RR LEIA TAMBÉM: Busca por emprego, educação e saúde: o raio X dos 9 anos da migração venezuelana para o Brasil Com migração venezuelana, Roraima lidera percentual de estrangeiros no país, aponta IBGE Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV e responsável pelo estudo, ressalta que há muitos venezuelanos com documentação regular no Brasil. E utilizam o sistema de pagamentos mesmo do outro lado da fronteira, em Santa Elena do Uairén, cidade "irmã" de Pacaraima. “Tem muita gente da Venezuela usando PIX tanto quanto os brasileiros. Já virou rotina. Em Santa Elena, cidade vizinha do lado venezuelano, alguns comércios até aceitam PIX”, explica Gonzalez. Centro comercial de Pacaraima, cidade na fronteira de Roraima com a Venezuela Caíque Rodrigues/g1 RR 💸 O PIX é um sistema de pagamentos instantâneos, desenvolvido pelo Banco Central, para transferência de dinheiro. Pela praticidade, ele se tornou o substituto dos DOCs e TEDs. Ao contrário dos demais, ele é gratuito, está disponível a qualquer hora, sete dias por semana, e a quantia cai instantaneamente. A adesão ao uso do PIX acontece mesmo com problemas constantes com internet, dificuldade do uso por pessoas mais velhas e o medo de fraudes. 'Quase não se vê mais dinheiro físico' Arte g1 O cabeleireiro venezuelano John Peter, de 30 anos, que recomeçou a vida em Pacaraima há dois anos, recebe 70% dos pagamentos via PIX. Natural de Porto Ordaz, ele trabalha em um salão na cidade, atendendo migrantes e brasileiros. Ele afirmou que "quase não se vê mais dinheiro físico" na cidade. “Às vezes o sinal da internet atrapalha, mas hoje quase todo mundo tem celular com PIX", relata. No entanto, nem todos se sentem confortáveis com a tecnologia. A comerciante brasileira Antônia Florinda, de 70 anos, tem um restaurante no centro da cidade há mais de 20 anos e diz ter “pavor de PIX”. “Não sei mexer com isso, tenho medo de golpe. Quem cuida é minha filha. Mas o povo só quer pagar com PIX hoje em dia”, lamenta. Antônia Florinda, de 70 anos, é dona de um restaurante em Pacaraima Caíque Rodrigues/g1 RR Dificuldades do PIX em Pacaraima Apesar da popularidade, o uso do PIX em Pacaraima esbarra em um problema recorrente em Roraima: a instabilidade da internet. Só em 2024, o estado ficou completamente offline cerca de 17 vezes. Em 2025, foram registrados pelo menos três apagões de internet -- o último aconteceu em fevereiro, quando o estado passou ao menos cinco horas offline. Instabilidade acontece por conta do rompimento da fibra óptica. Com os rompimentos, quem mora no estado enfrenta dificuldades para acessar sites, fazer transações bancárias pelo celular e usar serviços de telefonia, que apresentam instabilidade. O comerciante Rômulo Sousa, de 32 anos, diz que, por conta da instabilidade, às vezes trabalhar com dinheiro em espécie é mais fácil, embora reconheça a agilidade que o PIX trouxe ao comércio. “Se a internet cai, não tem como fazer PIX nem usar cartão. Isso atrasa o atendimento, gera fila, confusão. Quando o Wi-Fi funciona bem, até dá para usar, mas aqui não é sempre”, explica. Romulo Sousa, 32 anos, é empresário em Pacaraima Caíque Rodrigues/g1 RR Como é feito o cálculo A taxa de adesão do PIX em Pacaraima é calculada pela quantidade de usuários residentes na área que usaram o serviço ao menos uma vez no mês, dividida pela população total da mesma área. Em 2024, a cidade teve média de 106.104 usuários mensais — 457,89% a mais que seus 19.305 habitantes registrados no Censo do IBGE. A pesquisa destaca ainda as transações por usuário, que em Pacaraima é de 31 a média. O valor médio das transações na cidade é de R$ 119. Em comparação com Niterói, cidade no Rio de Janeiro com 481.749 habitantes, usada como exemplo pela pesquisa, Pacaraima se destaca com 550% de adesão. O estudo também mostra a taxa de adesão por regiões no Brasil. As regiões Sudeste e Centro-oeste apresentaram os maiores índices. A média nacional foi de 63%. O Piauí, no Nordeste, é citado como o estado com menor adesão (54,7%), enquanto o Distrito Federal, no Centro-oeste, é o que tem maior adesão (77,9%). Inclusão financeira A pesquisa da FGV destaca que o PIX se tornou uma ferramenta de inclusão financeira. Segundo a economista Laura Pacheco, mestre em Data Science and Analytics pela Universidade de São Paulo (USP), o avanço do sistema foi acelerado pela pandemia, que forçou a digitalização de muitos serviços bancários. “A adesão ao PIX nas regiões Norte e Nordeste é mais alta do que a média nacional porque há menos alternativas. Em lugares como Pacaraima, onde não se usa mais Bolívar, o real circula com mais força e o PIX virou essencial”, analisa. Além disso, o PIX também ajuda a reduzir custos de transação, tornar o sistema financeiro mais transparente e impulsionar a formalização da economia, conforme apontam os especialistas. Leia outras notícias do estado no g1 Roraima.

FONTE: https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2025/06/29/venezuelanos-aderem-ao-pix-e-cidade-brasileira-na-fronteira-tem-5-vezes-mais-usuarios-da-ferramenta-que-habitantes.ghtml


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